O aço inoxidável é considerado material padrão no funcionamento de estações de tratamento de água e de efluentes industriais.
Em regiões industrializadas ou em grandes centros urbanos, manter seguras as fontes de água, com responsabilidade ecológica e higienicamente adequadas ao consumo humano, é uma tarefa que envolve desafios. Em ambientes corrosivos alguns materiais utilizados em sistemas de tratamento de efluentes necessitam receber tratamento superficial (galvanização, pintura etc.) a fim de incrementar a sua resistência à corrosão. Já em aplicações mais críticas, torna-se preferível a substituição do aço carbono e de outros materiais pelo aço inox, que dispensa qualquer tipo de revestimento.
O aço inoxidável tem notável resistência à corrosão, sendo responsável pela maior durabilidade dos produtos confeccionados com ele. Esta longevidade implica considerável economia ao longo do tempo, compensando o maior investimento inicial de um projeto com utilização de aço inoxidável no lugar do aço carbono. Essa característica do aço inox oferece ainda a vantagem adicional de uma menor freqüência nas rotinas de manutenção e menos perdas provocadas por vazamentos, reduzindo dessa forma os custos operacionais.
Com densidade semelhante à do aço-carbono e resistência mecânica entre 20% e 150% superior (dependendo do tipo), o aço inoxidável permite o uso de seções mais delgadas, o que implica uma redução nos custos de instalação. Apesar de sua maior resistência mecânica, o aço inox não apresenta dificuldades para ser conformado, usinado ou soldado, desde que sejam utilizadas as técnicas apropriadas para o material.
Por seus atributos únicos, o aço inoxidável foi aprovado, pelo Drinking Water Inspectorate (DWA), da Inglaterra, como material apto a entrar em contato com a água potável, sem qualquer restrição. As especificações da Environmental Protection Agency (EPA), dos Estados Unidos, sobre água potável e “água de beber” aprovam os aços inoxidáveis AISI 304/304L e 316/316L como materiais aptos ao contato com a água, igualmente ocorrendo em relação ao Apêndice C do Standard 61 Drinking Water System Components-Health Effects, de outubro de 1.988, da American National Standards Institute/National Science Foundation ANSI/NSF).
Uma vez usada, a água necessita ser tratada e, neste campo, o aço inoxidável empresta suas características singulares aos equipamentos das estações de tratamento de água, esgoto e efluentes industriais. Nestas, a água apresenta elevada corrosividade, quer devido aos contaminantes nela contidos, quer em razão do tratamento ao qual ela é submetida, que normalmente pressupõe a adição de cloro (ou compostos de cloro) ou ozônio à água em tratamento, aumentando ainda mais a sua corrosividade.
Os melhores exemplos do uso do aço inoxidável no tratamento de água são provenientes de Cingapura, onde recentemente foi construído o Deep Tunnel Sewerage System (DTSS – transporte de esgoto) e o Changi Water Reprocessing Plant (CWRP –tratamento de esgoto). Em ambos, fez-se uso massivo do aço inoxidável, com a intenção de obter economia ao longo de seus ciclos de vida dos projetos.
Técnicas de tratamento de água ecologicamente benignas incluem raios ultravioleta (UV), osmose reversa (OR) e ozônio (O3). Todas podem ser utilizadas para remover contaminantes bacteriológicos e químicos, levando a água a padrões de higiene e pureza difíceis de serem obtidos por outros meios. Após ser tratada, a água só pode entrar em contato com materiais que garantam a manutenção de sua pureza, sendo o aço inoxidável o preferido.
Profunda conhecedora dos atributos do aço inoxidável, a Tramontina elegeu o material (no caso o tipo ABNT 304, com espessura de 3,5 mm) para a construção dos 18 tanques da sua estação de tratamento de efluentes, na unidade de Carlos Barbosa (RS), conforme relatado na Revista Siderurgia Brasil, edição 17 (maio/junho de 2004).
Em algumas aplicações o aço inoxidável já é considerado o material padrão de equipamentos e componentes de plantas de tratamento de esgoto ou de efluentes. Dentre as aplicações, podem-se citar: filtros e peneiras, remoção de particulado grosso, raspadores, comportas, tubulações de aeração, de gás de digestor e de transferência de lodo, bombas e válvulas, tanques e represas, geradores de ozônio e de compostos de cloro, equipamentos ultravioleta, linhas de tratamento químico, dutos de exaustão e sistemas de retrolavagem.
O Núcleo Inox, que organizou o evento Inox 2004 em novembro do ano passado, em São Paulo, dedicou espaço para apresentações sobre a aplicação do aço inox nessa indústria. Uma delas foi realizada por Adilson M. de Mello Campos, gerente de Divisão da Sabesp, que falou sobre as perspectivas da adoção do aço inox pela companhia. Um segundo momento importante para as discussões em torno do assunto ocorreu durante a apresentação do britânico Peter Cutler, especialista em aplicações do aço inox na indústria da água. Ele citou exemplos de países da Europa e Ásia que recorreram ao inox não só no tratamento e distribuição da água, como até mesmo em encanamentos prediais. Estas apresentações revelaram experiências de real significado para o Brasil e para o trabalho que o Núcleo Inox vem realizando ao mostrar as vantagens da aplicação do material neste segmento, tudo em prol da pureza da água que chega aos consumidores.
Nenhum comentário:
Postar um comentário